Do Assomblog
Postagem: Adriano Oliveira
Fazia anos que Manuela não estudava. Vivia sempre em casa, cuidando de tudo para a família. Não aguentava mais a vida que levava e decidiu: ia voltar à universidade.
Havia estudado Letras na Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), mas parou o curso quando se casou, ainda no primeiro semestre. Desejava voltar aos mesmos corredores, às mesmas salas. Teria coragem?
Antes de abandonar o curso, costumava ouvir dos colegas que, à noite, pessoas de outro mundo caminhavam por ali. E isso sempre acontecia quando os vigilantes desligavam o ar condicionado das salas e as luzes dos corredores, antes de fechar os portões. Ela nunca encontrou nada porque estudou à tarde, mas agora, Letras, somente à noite.
Trocou, então, os pratos, os talheres, a cozinha; pelos livros, cadernos e canetas. Estava feliz. Os filhos crescidos, o marido aposentado.
Um dia, a aula foi até depois das 10 da noite devido a uma apresentação de trabalho. Como demorava, Manuela saiu para ir ao banheiro. Não havia ninguém no corredor e ela seguiu adiante.
De repente, sentiu-se como uma pessoa do outro mundo. A pele ficou transparente, os pés quase não tocavam o solo. A roupa voava.
Alguns colegas saíram para beber água e não a reconheceram, voltaram para a classe assustados. Ela estava apavorada e correu também. À porta da sala 113, o efeito de espectro desapareceu, mas o rosto ainda estava pálido quando entrou.
Ninguém comentou o fato, porém, depois daquele dia, Manuela jamais saiu depois das 9 e 40 da noite, hora que os homens do ar condicionado e das luzes apareciam e tudo poderia acontecer novamente.
Postagem: Adriano Oliveira
Fazia anos que Manuela não estudava. Vivia sempre em casa, cuidando de tudo para a família. Não aguentava mais a vida que levava e decidiu: ia voltar à universidade.
Havia estudado Letras na Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), mas parou o curso quando se casou, ainda no primeiro semestre. Desejava voltar aos mesmos corredores, às mesmas salas. Teria coragem?
Antes de abandonar o curso, costumava ouvir dos colegas que, à noite, pessoas de outro mundo caminhavam por ali. E isso sempre acontecia quando os vigilantes desligavam o ar condicionado das salas e as luzes dos corredores, antes de fechar os portões. Ela nunca encontrou nada porque estudou à tarde, mas agora, Letras, somente à noite.
Trocou, então, os pratos, os talheres, a cozinha; pelos livros, cadernos e canetas. Estava feliz. Os filhos crescidos, o marido aposentado.
Um dia, a aula foi até depois das 10 da noite devido a uma apresentação de trabalho. Como demorava, Manuela saiu para ir ao banheiro. Não havia ninguém no corredor e ela seguiu adiante.
De repente, sentiu-se como uma pessoa do outro mundo. A pele ficou transparente, os pés quase não tocavam o solo. A roupa voava.
Alguns colegas saíram para beber água e não a reconheceram, voltaram para a classe assustados. Ela estava apavorada e correu também. À porta da sala 113, o efeito de espectro desapareceu, mas o rosto ainda estava pálido quando entrou.
Ninguém comentou o fato, porém, depois daquele dia, Manuela jamais saiu depois das 9 e 40 da noite, hora que os homens do ar condicionado e das luzes apareciam e tudo poderia acontecer novamente.