Do JC Online
Postagem: Gabriel Diniz
Fotos: Marcelo Soares/JC Imagem
Entre o colorido do público, diversas bandeiras de políticos bradavam na avenida. E panfletos voavam com diversas legendas. Todos os anos a faceta política da festa está sempre presente, mas desta vez ganhou conotações mais eleitoreiras. Naquele clima carnavalesco, é de se perguntar se gays e lésbicas estavam mesmo interessados no discurso dos políticos presentes nesse domingo. Como bem deixou claro o Blog do Jamildo, ninguém admitiu estar por lá para pedir votos.
Foto: Marcelo Soares/JC Imagem
Os trios mantiveram o mesmo esquema do ano passado, mesclando militância e hedonismo puro e simples. O carro da boate Metrópole, por exemplo, concentrava os fashionistas da parada, com o ex-BBB Serginho sendo a grande estrela (?) desta edição. No som, muitos remixes e declarações da dona da boate, Maria do Céu, espécie de madrinha auto-declarada do gay recifense. Logo atrás, os Leões do Norte eram mais gritos e menos música, entoando protestos ao microfone. A mestre de cerimônias estava rouca perto do final da tarde, mas ainda assim não parava de criticar os políticos locais em relação à causa homossexual.
O Instituto Papai fazia uma mescla desses dois universos e tocava música pernambucana, como frevo, um pouco de samba e fazia algumas críticas ao microfone, mas o tom era de afirmação, de orgulho, enfim. Um dos mais animados era o da Prefeitura do Recife que teve como atrações a DJ Lady Kheke, conhecida pelas festas Putz e Felipe machado, da Sem Loção. Era de longe, o melhor setlist da parada.
ORGULHO E PRECONCEITO - Este ano, a avenida viu mais uma vez crianças trazidas pelos pais, senhoras caminhando pelas calçadas ou simplesmente acenando nas varandas. A fauna foi mudar perto do final do dia, quando era possível ver atitudes nada condizentes com o clima de inclusão e celebração por direitos iguais entres gays e héteros.
Alguns garis da Prefeitura do Recife limpavam a rua imitando o clichê da "bicha afetada". E moradores locais passavam em seus carros com o rosto mostrando desaprovo. O mais curioso foram os torcedores do Santa Cruz e Sport que, já na Avenida Domingos Ferreira, recebiam as pessoas que voltavam da parada com hostilidade. Nomes impronunciáveis nesse horário e local. Um time de torcedores rubro-negros se divertia na Avenida Boa Viagem, em trupe, ao som de funk. A bandeira do leão, assim como a do Brasil, foi muito vista na parada.
A assessoria da Polícia Militar confirmou cerca de 80 mil pessoas este ano. E não registrou nenhum problema grave na segurança do evento. Depois de anos sendo mais odiada que amada quando acontecia numa sexta-feira à noite, na apertada Avenida Conde da Boa Vista, a Parada da Diversidade, enfim, entronizou o calendário do Recife.