Postagem: Gabriel Diniz
BRASÍLIA - A candidata do PT a presidente, Dilma Rousseff, disse nesta segunda-feira, em entrevista ao "Bom Dia Brasil", da TV Globo, que até hoje não viu "nenhuma ação inidônea" da ex-ministra Erenice Guerra, que deixou a Casa Civil após denúncias de tráfico de influência. Segundo ela, faz parte da civilização não acusar ninguém sem provas. A petista disse ainda que desconhece que tenha existido na Casa Civil um suposto esquema de propinoduto envolvendo Erenice, que era seu braço direito no governo. ( Leia também: No rádio, Serra cita escândalos de corrupção na Casa Civil e Dilma fala sobre a Pnad )
- Até hoje não vi nenhuma prova, não vi nenhuma ação inidônea da Erenice. Lógico que ninguém está acima de qualquer suspeita, tudo vai ser investigado, mas eu não tenho conhecimento de nenhum ato inidôneo da Erenice - afirmou.
Ao ser questionada se, quando estava no governo, nunca reparou o que acontecia ao redor de Erenice, Dilma disse que nunca aceitou nomeação de parentes, mas que não tinha como responder por Erenice. A petista afirmou ainda que, até onde conheceu, Erenice foi sempre uma pessoa idônea e que resta provar que ela tem alguma responsabilidade.
- Posso dizer com absoluta franqueza: eu nunca aceitei nem nomeação de parentes nem por critérios de amizade. Não tenho como responder por ela - disse a candidata.
- Acho que a maior interessada que se apure tudo sou eu. Quero que se apure qual o nível de responsabilidade da ex-ministra Erenice em relação a esse fatos - completou.
Quando a jornalista Miriam Leitão lembrou que o próprio filho de Erenice, Israel Guerra, confessou ter recebido R$120 mil para intermediar contratos, Dilma disse que então ele tem que pagar por isso.
- Se ele recebeu, é culpado e vai pagar por isso. Agora, fazer ilação disso com a minha campanha são outros 500, porque a minha campanha não está envolvida com essa história - disse Dilma.
Sobre o déficit da Previdência e a necessidade de reforma para ampliar a idade de aposentadoria dos trabalhadores, Dilma negou a intenção de mudar as atuais regras. Ela disse que o maior problema do déficit hoje existente foi criado pelos legisladores na Constituinte, ao determinar que as contribuições dos trabalhadores urbanos financiasse também as aposentadorias do setor rural.
- Isso é um problema decorrente de uma política pública adotada pelo Brasil. Eu não resolvo essa questão mudando a idade da aposentadoria. Quem tem que assumir o ônus pela política pública de aposentar o trabalhador rural é o Tesouro Nacional - disse Dilma.
Ainda durante a entrevista, a candidata acusou o governo Fernando Henrique de criar uma lei proibindo a construção de escolas técnicas no país:
- Tivemos um período, tanto no que se refere à educação quanto ao que se refere à infraestrutura, sem investimento. Esse processo começa, por exemplo, com uma proibição de investir em escolas técnicas. O governo federal não podia fazer escolas técnicas no Brasil porque tinha uma condição feita por uma lei de 1998 que dizia o seguinte: só pode investir em escola técnica se a prefeitura ou o estado garantir o custeio. Quando voltamos a investir em escolas técnicas, fizemos 214.
Ao ser perguntada sobre o baixo índice de saneamento básico no país, Dilma também atribuiu a deficiência a governo passados. Segundo a última Pnad, apenas 59,1% das residências em 2009 eram atendidas pelo serviço de rede coletora ou por fossa séptica.
- Uma das coisas mais graves do Brasil é o fato da gente não ter investido em saneamento. Os gastos com saneamento nos períodos passados eram pífios, absolutamente pífios. Elevamos o investimento em saneamento em três vezes.