“Eu o trato com respeito, ele é um senhor”
(Por Arthur Cunha) - Que o governador Eduardo Campos (PSB) diga que o “tempo” do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) já passou, não é nenhuma novidade. Mas o socialista revelou, ontem, que considera seu arquiinimigo um “senhor”, a quem ele garantiu respeitar, contudo. Eduardo destacou, em entrevista à Rádio Jornal, que não carrega amargura dos embates que seu grupo político travou com o do senador, no passado. “Se eu fosse um sujeito amargo, eu não estaria aqui (no cargo de governador). Não carrego amargura, ódio das pessoas”, garantiu Campos, que, entretanto, sempre que pode, alfineta os adversários. O governador ressaltou, ainda, que não puxará o “freio-de-mão” de Pernambuco durante o período eleitoral, deixando de administrar o Estado para fazer campanha, que, segundo ele, será feita na “hora extra”.
Jarbas
Já esperávamos que o senador fosse candidato. Isso era um jogo anunciado, não tinha alternativa pelo caminho que a oposição trilhou. Não muda nada do nosso lado, nós já estávamos preparados para essas circunstâncias. O que nós teremos é um pouco do ‘vale a pena ver de novo’ de 2006, onde o nosso conjunto já enfrentou esse conjunto (representado pelo ex-governador Mendonça Filho, do DEM). Da nossa parte, vamos estar olhando para o futuro; como já olhei em 2006, quando muitos queriam fazer o debate da arenga, da discussão, que muitas vezes não prima pelo conteúdo, pelo interesse da sociedade. Vamos fazer uma campanha respeitosa, uma campanha elevada. Vamos dizer o que fizemos, vamos fazer as nossas propostas. Efetivamente, não vamos entrar no jogo da velha política, vamos olhar para a frente. A população, na hora certa, lá no dia 3 de outubro, fará o seu julgamento.
Sonhos
Eu não sonho com essas coisas não (com a disputa contra Jarbas). Sonho com uma educação melhor, com o jovem tendo o espaço para a qualificação. Eu sonho com as ações administrativas de governo.
Amargura
Não tenho problema pessoal com Jarbas, absolutamente nenhum. Onde chego eu o cumprimento, a despeito de tudo que vivemos no embate duro. Sou uma pessoa que não carrega no coração esse tipo de sentimento. Tudo o que passei na vida, se eu fosse um sujeito amargo, eu não estaria aqui. Não carrego amargura, ódio das pessoas. Eu o trato com respeito, ele é um senhor. Foi prefeito duas vezes, governador duas vezes, é senador da República. Tenho respeito por ele, não tenho nenhum problema pessoal com ele dessa ordem. Entre as pessoas ligadas ao Doutor Arraes, eu era a pessoa que mais conversava com Jarbas.
Tempo
Jarbas teve o tempo dele, teve a oportunidade dele. Foi governador duas vezes, teve o apoio de Fernando Henrique Cardoso, teve o apoio de Marco Maciel para fazer, a seu tempo, a sua ação. Agora, nós estamos tendo o nosso tempo, com o nosso conjunto, com o presidente Lula, com a (ex) ministra Dilma, com aqueles que têm nos ajudado efetivamente. Vamos fazer (a campanha) com toda a tranquilidade, com todo o respeito, como costumo fazer as coisas. Em todas as circunstâncias fiz o debate respeitoso.
Freio
Não vamos aqui puxar o freio-de-mão em Pernambuco: para tudo o que está sendo feito para reeditar as velhas brigas de ontem. Ninguém de bom senso na rua que eu encontro - um taxista, uma professora, um estudante, um aposentado, um trabalhador rural, um empresário - quer isso. As pessoas estão vendo que nós estamos trabalhando duro e vou trabalhar duro. Vou fazer ‘hora extra’ na campanha, quando a lei determinar. Diferentemente de outros candidatos, eu tenho um ponto para bater. E hoje (ontem) eu bati o ponto cedo, às sete horas eu já estava no serviço, ontem (anteontem) eu saí de uma hora da manhã.
Campanha
Vamos continuar trabalhando e vamos, na ‘hora extra’, fazer a nossa campanha, fazer a nossa prestação de contas e apresentar o que tem para ser feito. Chamar a atenção da população da importância desse pleito a nível nacional e estadual, para o Brasil e para Pernambuco. Convocar a juventude para um processo.
Senado
Na verdade, nós estamos com tudo tranquilo na frente. Nós temos conversado com todas as lideranças e presidentes e dirigentes dos partidos. Não temos porque antecipar o tempo eleitoral. Eu estou fazendo exatamente aquilo que eu dizia que iria fazer, desde o ano passado. Não tem nenhuma mudança de roteiro. Esse é um jogo que estava conhecido por todos os nossos aliados. Todos os partidos me delegaram a condução desse processo, estão de acordo com esse tempo que estamos fazendo as coisas.
Chapa
Na hora certa a gente vai chamar vocês (jornalistas) e vai dizer: ‘nós resolvemos compor esse conjunto aqui para representar essa história e essas ideias’. Vamos conversar com o presidente Lula, tenho uma conversa aprazada com o presidente Lula sobre essa questão. Temos uma convenção nacional do dia 13 (de junho), uma convenção da ministra Dilma. No dia 14 (de junho) vamos fazer a convenção do PSB em Brasília. Já fizemos todo o processo, reunião da executiva, diretório, vamos ter a convenção.
Convenção estadual
A data é dia 30 (de junho). Nossa convenção é dia 30, quarta-feira, no Clube Português (Recife). É o último dia para que a gente possa trabalhar a questão administrativa o máximo que nós pudermos ir trabalhando (são 200 ações programadas até três de julho). A partir da convenção, vamos ter horário normal de trabalho, das ações de governo. E a hora extra de organizar e fazer a campanha com tranquilidade.
Debates
Não discuti isso com ninguém, ainda (se participará dos debates). Esse debate nós não fizemos (risos). Faremos esse primeiro com o nosso pessoal. O que eu posso dizer a você é que em todas as campanhas que participei não faltei a um debate. Tenho participado de um debate com a população todo o tempo, até porque nosso governo tem sido construído em discussão com a sociedade. Ampliamos o espaço de participação da população do ponto de vista do interior, das microregiões. Ontem (anteontem) foi uma prova disso. Estava toda a sociedade pernambucana sugerindo, dando ideias, propondo para uma campanha contra o crack. Fui criado nisso (debate), eu me formei nesse movimento do debate. Acho que o debate é estimulante, esclarece as pessoas. A crítica é algo muito importante da gente ouvir, até para a gente aperfeiçoar coisas.
Fundarpe
A Fundarpe tem feito um belíssimo trabalho. Recriamos uma Secretaria de Cultura, chamamos um símbolo da cultura pernambucana, que é Ariano Suassuna para dirigir. Estruturamos uma política que toca todo o Estado. São dezenas e dezenas de pontos de cultura. Temos editais regionalizados. Ampliamos o edital, por exemplo, do cinema, que não tínhamos próprio. Ampliamos o Funcultura apoiando a produção de forma marcante.
Jogo político
Claro que, quando se aproxima o período eleitoral, começa esse tipo de coisa. O próprio Governo que me antecedeu durante muito tempo teve muitas denúncias sobre recursos na área de cultura. Durante seis anos ficou o Governo evitando uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembleia Legislativa. Foi coisa para o Ministério Público. O que é que eu tenho a dizer? A Fundarpe está prestando todos os esclarecimentos, essa é a linha do nosso governo. O nosso governo colocou as contas na internet de forma transparente. Se tiver coisa errada é para ser apurado, para ser punido. Agora, eu não vou, a essa altura, ficar fazendo o jogo de alguns que querem tirar Pernambuco do caminho que ele está indo. Meu tempo é para cuidar de coisas que funcionam de trabalho, de geração de emprego, de coisas que funcionam.
Determinação
Minha determinação é que se apure tudo, doa em quem doer. E que se puna se houver alguém culpado. Agora, não vou fazer o jogo vazio das denúncias infundadas, sem prova, sem fundamento, sem conhecimento. O Tribunal de Contas está fazendo um levantamento lá. A nosso pedido, inclusive, a Controladoria do Estado está fazendo levantamento, vamos ter tranquilidade. Nem eu sou juiz da oposição, nem a oposição é juíza nossa. Quem é nosso juiz, nesse caso, são os órgãos de controle que estão livres para funcionar. E quem será juiz de todos nós será a população daqui a pouco.
Empetur
Naquele episódio que houve da Empetur, agimos da forma que você viu, com toda tranquilidade e firmeza. Abrimos tudo, mandamos apurar com o maior rigor. Ali nós começamos a ver que há muito tempo estava precisando resolver estrategicamente a questão. Chamei pessoas do TCU. Saímos com uma norma de como é que teria que ser daqui para frente. E isso está funcionando. O que é que acontece naquele caso específico? O produtor cultural abre uma empresa, registra, tem inscrição. Aí chega um artista que vai tocar, por exemplo, num dos pólos. Formalmente ela existe. Você não pode dizer que ela não existe do ponto de vista da lei, porque ela está registrada na Receita Federal, na Junta Comercial.
Postado por Adriano Oliveira
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