Os promotores ainda pedem, liminarmente, que o julgamento marcado para os dias 18, 19 e 20 de maio, em Ipojuca, seja suspenso, até que seja julgado o pedido de desaforamento. Os dois irmãos são acusados de assassinar as adolescentes em maio de 2003, quando as duas passavam o feriado no município de Ipojuca. O crime ficou conhecido nacionalmente como Caso Serrambi.
De acordo com os promotores de Justiça, o desaforamento do júri popular do município de Ipojuca para a cidade do Recife se faz necessário devido a precária estrutura da Comarca para um julgamento de magnitude nacional. O salão do Tribunal do Júri de Ipojuca possui uma capacidade de apenas 90 pessoas, com ar-condicionado deficitário, que não atenderia à demanda.
Outro ponto é o fato público e notório que o antigo promotor do caso, hoje promotor aposentado, Miguel Sales, tem interesse na absolvição dos acusados. Ele ainda é, declaradamente, pré-candidato a deputado Federal, pelo partido da República (PR), nas eleições 2010, fato que poderá confundir a cabeça dos jurados (e da população como um todo), fazendo com que o julgamento do Caso Serrambi se confunda com um plebiscito contra ou a favor do pré-candidato, que se envolveu pessoalmente com o processo em questão.
Também existem notícias de que mesmo após ter sido revogada a sua designação para o caso, continuou atuando em favor de Marcelo e Valfrido, inclusive procurando as juízas criminais, para entregar, pessoalmente ou por e-mail, memorais de defesa em favor dos irmãos kombeiros.
O terceiro ponto é o fato de que o acusado Marcelo Lira, responde a um processo penal pelo homicídio, juntamente com um outro irmão chamado Roberto, de sua cunhada Iraquitânia Maria da Silva. Na ocasião do julgamento deste crime, Roberto acabou sendo condenado, mas Marcelo foi impronunciado com fundamento em um álibi, produzido por prova testemunhal, de que estaria em Cachoeirinha, na época do crime. No entanto, em depoimentos posteriores, as testemunhas que confirmaram o álibi de Marcelo, confessaram que foram pressionadas a darem falso testemunho.
O pedido foi entregue hoje ao desembargador Nivaldo Mulatinho, da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). O pedido será julgado pelo TJPE independentemente da pauta de julgamentos.