Mãe de Isabella Nardoni quer indenização por peça de teatro, diz advogada
De acordo com a advogada de Ana Carolina, Cristina Christo Leite, o pedido de indenização tem um caráter educativo. “Assim como em outros processos, Ana Carolina não quer a indenização pelo dinheiro. Qualquer quantia recebida é sempre revertida a instituições de caridade, mas achei importante registrar o pedido pelo caráter punitivo e pedagógico”, explicou. Não foi fixado nenhum valor para a indenização, segundo Cristina.
Para a advogada, a peça trouxe sofrimento à mãe da pequena Isabella. “É dito que a peça não foi baseada apenas no caso da Isabella, mas há uma referência direta ao Edifício London. Só os personagens não têm nomes, mas há toda a descrição e qualquer um associa a peça à Isabella. Foi um sofrimento muito grande para a Ana Carolina. Acho que ela não merece, depois de tudo que passou, ver a filha representada por uma boneca sem cabeça."
O defensor Dinovan Dumas de Oliveira, que representa a Companhia de Teatro Os Satyros, afirmou que irá recorrer da decisão que suspendeu a peça, mas não comentou o pedido de indenização. “Existe um pedido de indenização, mas não fomos ainda citados para responder e não é o momento judicial para isso”, disse.
A menina Isabella Nardoni foi morta em 29 de março de 2008. Para a acusação, a madrasta de Isabella a agrediu e o pai da menina a jogou da janela do sexto andar do prédio onde os dois moravam, na Zona Norte de São Paulo. Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram condenados em 2010 por júri popular. Alexandre foi sentenciado a 31 anos, um mês e 10 dias de prisão. A pena de Jatobá foi de 26 anos e 8 meses de prisão.
A ação com o pedido da suspensão da peça, da circulação do livro e de indenização por danos morais foi protocolada na Justiça de São Paulo na semana passada, por Ana Carolina de Oliveira. “Tivemos conhecimento da peça no dia 26 de fevereiro, entrei com o processo no Foro de Santana, mas houve um erro de interpretação e o caso foi encaminhado ao Foro Central. Por esse motivo precisei entrar com o recurso, na sexta-feira, e ficou decidido que ao menos por hora a peça está suspensa", afirma Cristina.
Após o recurso da advogada de Ana Carolina, na sexta-feira, o desembargador Fortes Barbosa, da 6ª Câmara de Direito Privado, atendeu a pedido da mãe de Isabella, que foi à Justiça alegando que a peça fere o direito de personalidade. Em sua decisão, o desembargador citou argumento da mãe de que a peça promove "verdadeira aberração", entre outros motivos, porque é lançada uma boneca decapitada por uma janela.
A própria Ana Carolina se viu retratada na obra como "uma mulher despreocupada com a prole e envolvida com a vulgaridade". A multa determinada pelo desembargador em caso de descumprimento foi de R$ 10 mil.
O advogado de defesa da Companhia de Teatro Os Satyros afirmou estar “surpreso com a decisão que suspendeu a exibição da peça". “A nossa contestação será protocolada entre esta segunda-feira e a manhã de terça-feira. Não quero adiantar os argumentos que vamos usar, mas posso dizer que a companhia está absolutamente consternada com a decisão e eu, como advogado, também estou surpreso porque, em pleno ano de 2013, a arte não tem a oportunidade de trazer para os palcos acontecimentos da realidade."
Do G1 / Fotos: Marcelo Mora e Bruno Azevedo
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