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Tragédia no RS alerta para cuidados com festas em edifícios no Centro do Recife


Por Rosália Vasconcelos

Eventos em locais diferenciados e inusitados, como o Edifício Tebas, o Juscelino Kubitschek (mais conhecido como o antigo prédio do INSS) e o Francis Drink’s - todos na região central do Recife – chamam a atenção da população – que tem a oportunidade de conhecer a cidade de uma maneira privilegiada – e é interessante para a própria cidade, já que as festas acontecem em locais que estão, em termos culturais, desvalorizados. No entanto, a maioria dos espaços onde ocorrem essas festas são prédios antigos, que não foram pensados para receber eventos com banda e muita gente dançando. Nesse caso, o cuidado com a estrutura deve ser essencial, para evitar tragédias como a que aconteceu na madrugada deste domingo (27), em Santa Maria, Rio Grande do Sul.

“Quando os eventos se diversificam, é preciso ter cuidados. Antes de realizar uma festa, o produtor cultural deve observar se o edifício possui um alvará de funcionamento. Constantemente sabemos de notícias de lugares que funcionam com certa atividade que não estava prevista. No caso de ter banda tocando, é preciso saber se o cálculo estrutural do prédio permite esse tipo de coisa. Também tem que ser observada a manutenção dos elevadores, a capacidade do número de pessoas e a parte elétrica.

Não adianta querer fazer eventos a baixos custos e deixar a segurança em segundo plano”, alerta a urbanista Virgínia Pontual.

Ela diz que é a favor desse tipo de diversidade de opções de cultura e lazer que exploram a parte histórica da cidade, mas a prefeitura precisa ter uma fiscalização rigorosa e realizar vistorias periódicas. “O jovem parte do pressuposto de que alguém pensou nos aspectos de segurança para ele, porque ele está ali para se divertir e não para se preocupar. E se acontece alguma tragédia, quem se responsabiliza?”, questiona-se Pontual.

Produtor do Kubistchek Soul, realizado no Edifício JK, diz que segurança é item prioritário

O produtor cultural Gustavo Montenegro disse que segurança é algo que ele se preocupa muito. “No caso do Kubistchek Soul, como responsáveis pelo local, eu e Daniel Aragão cuidamos de tudo nesse sentido. Os cinco elevadores estão em constante manutenção e a escada para evacuação limpa, sinalizada e vigiada em cada festa. Temos uma equipe de manutenção presente na festa para resolver, de imediato, qualquer questão relacionada à eletricidade e etc. Isso sem contar ma equipe de seguranças da festa, que é sempre de primeira”, conta.

Ele afirma que quando produz festas em outros lugares, também se certifica de que o lugar oferece condições básicas para o evento ocorrer de forma segura. “No caso, o Francis e o Tebas se enquadram numa boa. E o Tebas, já soube, vai passar por uma reforma pra melhorar ainda mais. Todos os locais estão devidamente licenciados”, coloca Montenegro.

“A manutenção do local, como elevador, grades de proteção, energia, etc., é feita pelos proprietários da casa. A produção das festas, independente disso, checa todos os detalhes e se torna meio co-responsável de tudo. Faz parte da profissionalização do ramo. Qualquer coisa que dê errado, o primeiro a ser citado será o nome da festa e o local. Por isso, esse comprometimento com a qualidade e o respeito ao público é sempre prioridade na Boka Loka e demais festas que eu e Júnio Véi produzimos”, ressalta Victor Camarotti.

Para Allana Marques, a responsabilidade pela segurança da festa deve ser compartilhada. “Nunca fizemos festas nos edifícios, então não sei como a galera faz em relação aos elevadores. Mas o dono do local deve nos fornecer todos os alvarás de funcionamento e se dispor ao feedback de qualquer questão estrutural dos lugares, como funcionamento de banheiros, energia elétrica, etc. Enquanto nós cuidamos da capacidade de pessoas que irão circular, a segurança delas e serviços oferecidos para o bom andamento de cada festa, como bar, limpeza, entradas, ambulâncias, etc”.

Segundo ela, no caso do Golarrolê, como sempre acontece em um local diferente, a produtora leva algum profissional para fazer uma vistoria, sobretudo na parte elétrica, “para ver se a fiação está em dia, se sustenta o volume de equipamentos utilizados e se é preciso aluguel de gerador”.

“O pessoal do som vê a história dos decibéis, tem o moço que vê encanamento e água, etc. Um exemplo bacana é o Francis, que é palco de festas há uns 20 anos, mas nunca ninguém tinha feito uma reforma lá dentro. Em julho de 2011, nós e o pessoal da Sem Loção nos juntamos e chamamos Diogo Viana (arquiteto), que colocou toda a equipe dele em ação pra fazer uma série de reparos essenciais que o lugar precisava, trocamos toda a fiação, reformamos e aumentamos os banheiros, montamos um palco, reforçamos ventiladores, pintamos e reorganizamos tudo. Mas, de qualquer forma, sempre buscamos um local que tenha uma estrutura mínima e a partir daí vamos fazendo as melhorias necessárias. Se o lugar for detonado demais, o investimento não vale a pena”, conta Allana.

Foto: Peu Ricardo

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