Santa Maria: Emocionado, major lembra que proibiu filhas de irem à festa em boate
De acordo com o major, a boate Kiss era um dos pontos mais frequentados pelos jovens na cidade e foi impossível não pensar nas filhas durante a operação de resgate de corpos e feridos. “Nós salvamos vidas e ver uma situação como a que presenciamos na casa noturna é muito difícil”, disse ele. “Nós estamos cumprindo a nossa parte, fiscalizamos e determinamos a correção do que está errado. Eu vejo muita as coisas erradas e fico preocupado, mas infelizmente elas não estão na minha competência”.
Na mesma entrevista, o major falou sobre a responsabilidade dos bombeiros no episódio. Segundo ele, a casa noturna tinha todas as exigências estabelecidas pela lei vigente no Brasil. “Quem falhou, que assuma a sua responsabilidade. Nós fizemos tudo o que estava ao nosso alcance e não vou entrar em jogo de empurra-empurra”, afirmou.
Telefonema interrompe a coletiva
No meio das explicações à imprensa, um telefonema interrompeu a entrevista coletiva. Do outro lado da linha, uma orientação do governo para que o major a não dar mais declarações à imprensa sobre o incêndio na boate Kiss, onde 234 pessoas morreram no domingo (27).
"Recebi uma ligação do governo do estado e fui orientado a não falar com a imprensa. As informações vão ser centralizadas. Esta será a última vez que conversamos", disse.
Incêndio e prisões
O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo (27), durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.
Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como "sputnik" atingiram a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.
Quatro foram presos nesta segunda-feira após a tragédia: o dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr, o sócio, Mauro Hofffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que fazia um show pirotécnico que teria dado início ao incêndio, segundo informações do delegado Sandro Meinerz, responsável pelo caso.
Em depoimento, Spohr afirmou à Polícia Civil que sabia que o alvará de funcionamento estava vencido, mas que já havia pedido a renovação.
O advogado Mario Cipriani, que representa Mauro Hoffmann, afirmou que o cliente "não participava da administração da Kiss".
Na manhã desta segunda, outros dois integrantes da banda falaram sobre a tragédia. "Da minha parte, eu parei de tocar", disse o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, de 32 anos.
Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia, classificando como "uma "fatalidade".
A presidente Dilma Rousseff visitou Santa Maria no domingo e decretou luto oficial de três dias.
O comandante do Corpo de Bombeiros da região central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano passado.
Do G1/Foto: Roberta Lemes
Post a Comment