Antonio e Bruno Fagundes encenam “Vermelho”, peça baseada no pintor Mark Rothko
O pintor Mark Rothko (1903 - 1970) sempre manteve uma relação conflituosa com a comercialização da sua arte. Quando percebeu que o sucesso de seus quadros desviava a atenção dos trabalhos em si, passou a questionar a função da crítica, do público e até dele mesmo, enquanto artista, na transformação da arte em mercadoria, despida de significado. Esse dilema foi acentuado quando Rothko aceitou o convite para decorar um luxuoso restaurante de Nova Iorque. É sobre esse período que se debruça “Vermelho”, peça estrelada por Antonio e Bruno Fagundes, que é apresentada neste sábado (20), no Teatro da UFPE.
Russo radicado nos Estados Unidos, Mark Rothko esteve ligado a movimentos de vanguarda do século XX, mas não se interessava em ser enquadrado em um grupo específico. Tanto que ele rejeitou a classificação de suas obras como abstratas. Por isso, causou algum espanto quando ele aceitou o lucrativo contrato do restaurante Four Seasons. A crise pessoal enfrentada por ele, entre 1958 e 1959, foi o mote utilizado pelo dramaturgo americano John Logan para criar a peça “Red”.
Por uma coincidência, os atores Antonio e Bruno Fagundes, entraram em contato com o texto de Logan ao mesmo tempo, e se apaixonaram pelo que leram. “Enquanto meu pai lia ‘Vermelho’ em espanhol, eu recebi a indicação do texto em inglês de uma amiga, foi uma grande coincidência. A partir deste momento, já fomos atrás dos direitos”, conta Bruno.
Para ele, o texto não se encerra em uma só temática e possui um caráter universal, discutindo desde a essência da arte à relação entre os indivíduos. “Amo a trajetória dos dois personagens e como a troca deles é inevitável. É uma peça sobre arte e relação, sobre humanidade, sobre ouvir e ser ouvido. É um texto que me emociona, me diverte e me faz pensar”, afirma.
Na peça, Fagundes interpreta Rothko e Bruno, Ken, jovem assistente do pintor. Essa é a primeira vez que pai e filho atuam juntos. “Quando pisamos no palco, nossa relação pai-filho não existe mais. Lá, somos dois profissionais, apaixonados pela história que queremos compartilhar e dependemos inteiramente um do outro para que o espetáculo funcione. O fato de também sermos mestre e aprendiz na vida real é apenas uma questão atraente, simpática”, pontua o ator.
SERVIÇO:
“Vermelho”
Sábado (20), às 20h30
Teatro da UFPE
Plateia especial (filas AA a AM): R$ 120 e R$ 60 (meia); plateia (filas AN a AZ): R$ 100 e R$ 50; balcão: R$ 80 e R$ 40 (meia)
Informações: 3207 5757
Foto: Ivan Abujamra
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