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Corpo do cantor e compositor Juarez Santiago é enterrado em Caruaru

O corpo do cantor e compositor Juarez Santiago foi enterrado neste domingo (25), no cemitério Parque dos Arcos, em Caruaru, no Agreste. Ele morreu aos 68 anos, na tarde do último sábado (24), vítima de um ataque cardíaco fulminante. Juarez é autor de sucessos como "Morena bela", gravada por Jackson do Pandeiro, e "Na emenda", que ficou famosa com o Trio Nordestino.

O velório aconteceu na Câmara de Vereadores e contou com a presença de familiares e amigos. “É uma perda grande para a nossa cultura. Mas a gente vai estar sempre com ele nos corações, será sempre lembrado como um grande compositor caruaruense”, afirma o presidente da Fundação de Cultura-Caruaru, José Pereira.

Biografia

Juarez Silva Santiago (Distrito de São João, Garanhuns, Pernambuco, 28 de maio de 1943), compositor.

A emancipação política de São João ocorreu em 25 de novembro de 1958, pela lei estadual lei nº 3.280. A instalação do município só viria a ocorrer em 1962.

Juarez Santiago conta que desde adolescente fazia xote, embolada, coco, tudo de cabeça, sem nunca passar para partitura, nem muito menos achar que poderia ganhar dinheiro com aquilo.

- Meu pai era agricultor, mas gostava de viola. Não toco nenhum instrumento. Não entendo nada de música. Fico escrevendo e cantando. Memorizo tudo. Depois canto a versão final num gravador e os maestros que se virem. Cantava coco de roda nos sítios, nas festas, nunca imaginei que isso pudesse virar uma profissão.

Juarez já trabalhou no ramo de móveis como vendedor, foi gerente, por 17 anos, da loja de discos "A Modinha", em Caruaru. E administra uma pequena mercearia na parte de baixo de sua casa em Caruaru.

Desde 1949 passou a morar em Caruaru. Juarez Santiago é Cidadão de Caruaru desde 30 de maio de 2003. Foi o homenageado do São João de Caruaru em 2008.

Foi lá, em 1968, que conheceu o cantor e compositor Jacinto Silva e na primeira conversa segredou a ele que cantava coco de roda:

- Eu faço esse negócio que você faz. Aí, Jacinto me desafiou a apresentar umas músicas para ele gravar.

Juarez Santiago mostrou-lhe três composições: "Quero ver rodar", "ABC do amor" e "Semente do amor". Jacinto garantiu que iria gravar todas e levou as músicas para o Rio (na época, era contratado da CBS, depois Sony Music).

- Ele gravou Quero ver rodar; Ludugero gravou Abc do amor, e Abdias gravou Semente do amor. Foi assim que comecei.

De 1968 a 1975, os maiores sucessos de Luiz Jacinto foram de autoria de Juarez Santiago.

Luís Jacinto, o Coroné Ludugero, cantor e comediante, morto com toda sua trupe, em um acidente aéreo em 1969, foi o maior fenômeno de massa da música nordestina nos anos 1960. Pela importância que teve, não se justifica o esquecimento a que foi relegado. Luís Jacinto, numa de suas visitas a Caruaru, aconselhou Juarez Santiago a tentar carreira no Rio de Janeiro.

- Eu era solteiro e fui mesmo, em 1970. Levei o dinheiro certinho, para o hotel, comida e a viagem de volta. Cheguei num dia, no outro fui no ponto dos artistas, na Praça Tiradentes, queria encontrar Jackson do Pandeiro. Um cara lá me disse que Jackson não atendia ninguém ali. Vamos ver se ele não atende.

Ele montou guarda no local até que Jackson do Pandeiro apareceu.

- Eu me apresentei, e falei que tinha umas músicas para mostrar. Aí ele colocou a mão no meu ombro e disse: "Ô corno pequeno, tu é doido mesmo, vamos até ali, almoçar e você toma uma?", disse, e me levou a um restaurante.

Jackson não ouviu as músicas de Juarez, mas lhe deu um cartão, e pediu que ele lhe telefonasse dentro de três dias.

- A essas alturas o cantor e compositor Azulão já havia chegado no Rio e foi comigo na casa de Jackson. Quando ele me viu foi logo dizendo: "Ô corno pequeno, vou gravar daqui a trinta dias. Você pode me mostrar suas músicas, mas se eu gravar vai ser só no ano que vem".

Juarez Santiago, diz que nem se deu conta de que estava em frente do grande Jackson do Pandeiro.

- Então sendo assim, só vou mostrar minhas músicas a você no ano que vem. Azulão, cochichando no ouvido do amigo, insistiu para que ele mostrasse as composições.

E Santiago mostrou. Mal ele acabou de cantar a primeira estrofe de "Morena bela", Jackson do Pandeiro interrompeu.

- "Ô corno pequeno, você é doido? E me pediu para cantar novamente", rememora Santiago. Jackson olhou para Severo e perguntou o que ele achava.

O sanfoneiro disse que no repertório do disco novo não tinha nenhuma música melhor do que aquela. Jackson pediu para Juarez cantar outra, e aí ele, entusiasmado, cantou:

- "Madalena meu amor, não faça assim/Ô Madalena meu amor, volte pra mim".

Jackson interrompeu novamente.

- "Ô corno pequeno, pelo amor de Deus, você quer me matar?".

Resumindo. Jackson do Pandeiro mexeu no repertório já pronto, e incluiu duas composições de Juarez Santiago.

No Ponto dos Artistas contaram a Genival Lacerda que andava por lá um baixinho pernambucano que veio mostrar música a Jackson do Pandeiro. Juarez foi abordado por Genival e lhe mostrou "Quero beber água". Foi o primeiro dos vários forrós dele gravados por Genival Lacerda.

Juarez Santiago tem 270 músicas gravadas e guarda em casa mais cem inéditas. Proporcionou o sucesso de muitos intérpretes através de suas músicas:

- 27 com Jacinto Silva.

- 38 com Azulão.

- 3 com o Trio Nordestino: "Na Emenda", "Bicho Bom" e "Baião do Romeiro".

- 4 com Jackson do Pandeiro.

- 1 com Chico Buarque, "Morena Bela", numa homenagem que o cantor e compositor fez a Jackson do Pandeiro.

- 1 com Luiz Gonzaga, "Bom pra uns".

- 5 músicas com a banda Mastruz com Leite.

- 2 com o Coroné Ludugero, com destaque para "O ABC" e "Meu Cavalo".

- 12 com Camarão e sua Banda.

- 1 com Três do Nordeste: "Acenda uma Fogueira no seu Coração".

- 9 com Genival Lacerda.

- 4 frevos na voz de Claudionor Germano, com destaque para "Frevão Maluco".

- 2 com Flávio José: "Sem Ferrolho e Sem Tramela" e "Coração Analfabeto".

- 2 com Roberto Muller.

Impossível memorizar o número de cantores e cantoras que gravaram seus sucessos: Marinês, Marinalva, Sebastião do Forró, Baltazar, Ribeiro Filho, entre outros.

Seu maior sucesso é, sem dúvida, "Na Emenda" que tem mais de 50 gravações diferentes.

No entanto, o que ele recebe de direitos autorais, quando recebe, é insignificante. O sustento da família vem de uma mercearia, que administra com a esposa, dona Zezé.

- Com 300 músicas gravadas recebo, de vez em quando, R$ 1.500,00 em média.

Pior: o pouco que ganha de direitos, Juarez Santiago divide com "parceiros", entre os quais está Jackson do Pandeiro.

- Fui mostrar uma música, e ele falou: "Corno pequeno, bota eu aí nessa. Tu já botasse muita gente na tua música, agora é a minha vez". Eu doido pra gravar com ele, não ia botar não? Dei parceria até a Adolfo da Modinha. Ele era meu patrão e dono de uma loja de discos.

Adolfo da Modinha já foi deputado estadual, candidato a prefeito e vereador de Caruaru. Outro político que também aparece como "parceiro" de Juarez Santiago é o radialista, ex-prefeito e vereador de Caruaru, também deputado federal e deputado estadual por Pernambuco, Tony Gel.

- Outros radialistas também ganharam a "parceria". Era uma homenagem e um jeito de forçar a divulgação.


Do PE360º com informações do O Nordeste.com

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