Alunos somem do Colégio Damas: Pai de menina de 5 anos desabafa e diz que pensou no pior
Por Ed Wanderley
A ação diária de buscar a filha mais velha, de 5 anos, na escola se tornou um pesadelo para um casal da Zona Norte do Recife, nesta quarta-feira (3). O homem, que preferiu não se identificar, já havia alertado o Colégio Damas, onde ela estuda, para problemas de segurança na estrutura da instituição e, ao tentar encontrar a filha, descobriu que ela não estava mais na escola e, pior, nenhum dos funcionários sabia de seu paradeiro. A criança foi encontrada duas horas depois, no Parque da Jaqueira, após ser reconhecida pela farda, junto a um amigo, de apenas 6 anos, por alunos mais velhos do colégio. Quase 24 horas depois do incidente, a família garante que vai procurar a Polícia Civil para que a escola responda pela exposição da vida de sua filha e fala sobre a angústia de, por vários minutos, achar que o pior tinha acontecido.
PE.COM - O Colégio Damas decidiu afastar cinco funcionários de seu quadro, até que a situação seja avaliada e os culpados, responsabilizados. Era isso que o senhor esperava?
Pai - É pouco. É muito pouco. É necessário que sejam descobertos, sim, quem foram os responsáveis, mas afastamento não é suficiente. Os responsáveis têm que ser demitidos e responder pelo que fizeram. Minha filha poderia ter sido atropelada, sequestrada ou coisa pior. Eles expuseram a vida dela.
PE.COM - O que o senhor acha que o Colégio deveria fazer?
Pai - Primeiro é reconhecer que a falha não foi apenas humana. Desde o ano passado, avisei sobre a falta de segurança no local. Alertei que faltava grade e portão que desse mais segurança, que o acesso era muito fácil e que qualquer um entrava por lá. A resposta que tive era que o colégio era o único que dava acesso aos carros. Que bloqueiem os carros! O portão ficava sempre aberto e foi pelo portão dos carros que minha filha e a outra criança saíram e ninguém viu.
PE.COM - E a criança? Ela já se deu conta do perigo que correu?
Pai - Minha filha é muito inocente. Nós a acostumamos a sempre ler e a andar. A gente conversou com ela, mas até agora ela não se deu conta. Acha que saiu para dar um simples passeio, para comprar uma flor para a mãe dela e aproveitou para ler, quando reconheceu a Livraria Jaqueira. Fico feliz que ela esteja bem. Ela não sabe nem atravessar ruas. Graças a Deus ela conseguiu, com segurança.
PE.COM - Ela voltou à escola?
Pai - Ao Damas? Não. Ela não vai voltar a estudar lá. Vamos transferi-la na próxima semana. A minha outra filha, de dois anos, ia começar a estudar lá, mas já decidimos que não tem condições. Vamos devagar porque ela tem que se adaptar e tudo mais, mas vai ser melhor. Se a levasse para lá, passaria o dia todo pensando ′será que ela está na sala de aula mesmo? Será que está bem?`. Não dava para arriscar.
PE.COM - Vocês já decidiram se vão formalizar uma queixa contra o Colégio Damas?
Pai - Vamos sim. Tanto a gente quanto os pais da outra criança. Eles não tiveram o mesmo susto que a gente, mas o filho também foi exposto. Vamos nos juntar a eles para consulta com um advogado e hoje ou amanhã vamos à GPCA formalizar a queixa.
PE.COM - Você acha que o susto de vocês foi maior? O sofrimento foi diferente?
Pai - É que quando ligamos para avisar os pais do garoto, já tínhamos encontrado as crianças. Eles não sabiam antes, então não tiveram tempo de pensar o mesmo que a gente: uma sensação de perda, desespero. Corremos por todo o colégio, procurando. Não desejo isso para ninguém. Ainda bem que eles não passaram por isso. Vamos até o fim para ter providências. Ninguém deveria passar pelo que nós passamos.
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