Operador de telemarketing da Datamétrica é indiciado por duplo homicídio

Por Bárbara Franco

Foi indiciado por duplo homicídio culposo o operador de telemarketing da empresa Datamétrica, que recebeu o chamado dos moradores da rua Barra de São Francisco, no Loteamento Santa Mônica, a respeito de um buraco provocado pelo estouramento de um cano da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). Rubenita Vicente Carvalho da Silva, 17, e Jaqueline Barbosa da Silva, 20, morreram afogadas depois de terem sido sugadas pela água que transbordava pela cratera. O inquérito foi fechado com a conclusão de que Diego Henrique Figuerêdo Lapa, de 24 anos, foi negligente enquanto exercia o trabalho de atendimento à população.

Consta nos autos que Diego afirmou não lembrar da ocorrência em Camaragibe e alegou que a quantidade de chamados atendidos prejudica a compreensão da dimensão de cada situação. “Ele contou que atendia uma média de 80 ligações e disse que com esse número é difícil recordar de todas as ocorrências”, informou o titular de Camaragibe, Roberto Geraldo. De acordo com o advogado da Compesa, Frederico Tavares, a Datamétrica é uma empresa terceirizada responsável pela central de comunicação da Compesa. O representante do órgão alegou ainda que é de responsabilidade de cada operador entender as ocorrências e repassar a informação para a Companhia.

“Os funcionários da empresa são orientados a partir de multiplicadores de informação sobre o que deve ser feito. Quando se trata de uma situação de emergência, ele deve notificar pessoalmente a Compesa sobre a ocorrência”, disse. No entanto, segundo Diego informou a Polícia, ele colocou a situação de Camaragibe no que é conhecido como “Ramal”, ou seja, os trabalhos de manutenção rotineiros e de baixa complexidade e urgência. “Mas, todo operador sabe que em se tratando de problema de cano mestre - como a população chama o canal distribuição - deve-se fazer um chamado de urgência”, complementou o advogado. A Compesa solicitou que uma medida rigorosa fosse tomada pela empresa contratada, mas não divulgou o que deveria acontecer com o rapaz.

Diego responderá à Justiça em liberdade, porque o delegado Roberto Geraldo não representou pela prisão preventiva. Isso porque o rapaz colaborou com as investigações e não omitiu informações sobre o caso. “Vimos que o atendente é o principal responsável porque recebeu todas as informações que caracterizavam a urgência daquela situação e ele não fez o que deveria ter sido feito, não exerceu de maneira correta o seu trabalho, e foi negligente”, afirmou o delegado.

As mães das vítimas estiveram no local e ficaram bastante emocionadas quando a história veio à tona. “É um alívio que alguém tenha sido responsabilizado, mas agora temos que lutar pela indenização, porque eu perdi a minha filha. Ela saiu de casa naquele dia dizendo que voltaria mais tarde e nunca mais a vi. Eu vou lutar pelos meus direitos”, disse a mãe de Rubenita, Maria Neuma de Carvalho da Silva. No entanto, o advogado da Compesa reafirmou que qualquer tipo de indenização será de responsabilidade total da empresa contratada, no caso da Datamétrica. O caso ainda não tem data para ser julgado.



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