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Qual origem da palavra voto

Da VEJA
Postagem Gabriel Diniz

A palavra da semana, voto, unidade fundamental da democracia representativa, nasceu em berço religioso e nele se refestelou por séculos. O termo latino votum, substantivo derivado do verbo vovere (prometer), nunca deixou em sua língua natal o campo semântico do comércio espiritual entre o humano e o divino: fazer um voto era suplicar aos deuses, desejar ardentemente, prometer, consagrar, obrigar-se perante as esferas celestes, fazer uma oferenda em troca de graça.

O máximo de ampliação de sentido experimentado então pela palavra foi a de incluir entre suas acepções a de cerimônia solene, como a de núpcias, em que se faz uma promessa (um voto) de amor e dedicação. Votum, afinal, era desejo, e o desejo nunca vai excluir apetites terrenos. O famoso orador Cícero usava a expressão mea vota com o sentido de “meu amor”.

O latim eclesiástico da Idade Média conservou todos esses sentidos ligados ao desejo e ao compromisso espiritual, vivos até hoje em português – e bem vivos – em expressões como “votos de feliz ano novo” e nos ex-votos que os fieis expõem do lado de fora de certas igrejas para agradecer as “graças alcançadas”, pagando suas promessas (ex-voto quer dizer “em virtude de voto”).

Foi no Parlamento inglês do século 16 que a palavra ganhou seu sentido moderno de sufrágio, registrado pela primeira vez em 1550. O francês aderiu um século e meio depois, no início do 18, época em que se dava, pouco antes ou depois, o desembarque vitorioso desse uso nas demais línguas latinas e em outras espalhadas pelo mundo. Sabe-se que a palavra voto existe em português desde o século 14, mas é incerta a data em que adquiriu o significado laico que milhões de eleitores exercitarão amanhã.


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