Protestos e privações marcam o dia que deveria ser voltado à cidadania democrática

Do DP
Postagem Gabriel Diniz
Supostamente seria um dia para o exercício de um direito, ainda que obrigatório, mas, para algumas pessoas, as eleições deste domingo (03) foram indícios da fragilidade pela qual o processo eleitoral passa, que funciona graças ao envolvimentos de alguns poucos grupos. O engenheiro João da Cunha Cavalcanti Neto, de 48 anos, foi apenas um entre os milhares de pernambucanos que enfrentaram as filas para a emissão da segunda vida do título de eleitor, mas foi o único a se apresentar ao Colégio Santa Maria, da 1ª Zona Eleitoral, vestido de palhaço. "Palhaço não!", se apressa em dizer.
"Palhaço é o Tiririca, como ele mesmo diz. O Supremo (Tribunal Federal) nos vestiu de palhaços, é diferente", garante, em menção à decisão do STF, em permitir o voto apenas com documento de identificação com foto, ao contrário do que foi divulgado anteriormente, quando seria necessário apresentar também o título de eleitor. Apesar da peruca colorida e roupas de cetim, o discurso assumia um tom sério, aprovado pelas pessoas em volta. "Não consigo conceber uma democracia em que o voto é obrigatório, em que os documentos para votar são decididos e anunciados de última hora e onde falta uma consciência coletiva de que é necessário mudança e faz da urna eleitoral, um penico eleitoreiro", define.
Não menos revoltada estava a advogada Carmem Cavalcanti, que tem deficiência física nas pernas e se locomove com a ajuda de uma cadeira de rodas. Mesmo sem qualquer tipo de resquício de incômodo com a decisão do Supremo Tribunal, ela não escondia a frustração com as eleições desse ano, uma vez que foi impedida de exercer seu direito de escolha, já sua seção eleitoral, está localizado no primeiro andar do Ginásio Rosa Gattorno, no bairro da Tamarineira.
A seção 136, da 8ª Zona Eleitoral, anteriormente se encontrava no térreo da instituição, mas, este ano foi trocada, o que não impediu apenas Carmem de votar, mas pelo menos outros quatro cadeirantes que estiveram no local. "O prédio não tem elevador ou rampa de acesso e, por isso, não pude votar. Disseram que vou ter que justificar a ausência do voto dentro de 60 dias. Isso é um irresponsabilidade que me castrou o direito à cidadania", explicou.
Outro lado - Avessa a problemas e tendo bastante facilidade na hora de votar, a estudante Dayana Kelly dos Santos, de 17 anos, participou do processo eleitoral pela primeira vez. Além de não enfrentar grandes filas, no Centro de Convenções, em Olinda, ela consolidou suas escolhas logo cedo, assim que os portões se abriram às 8h, para aproveitar o resto do dia. "Foi fácil, demorei menos de dois minutos e não me compliquei na hora da escolha. É bom conhecer e participar desse processo de escolha, especialmente sem ser obrigada", afirma.
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