Caso Jennifer: Testemunha alertada sobre novo atentado
A reportagem, então, entrou em contato com a polícia e também com a vítima em potencial sobre o possível risco, constatando que ela realmente estava no município. O rapaz, assim que recebeu o telefonema da reportagem da Folha, demonstrou desespero. “Por favor, avise a Gleide (Ângelo)”, pediu. Alguns minutos depois, um novo telefonema foi dado para ele, mas o aparelho celular estava desligado ou fora da área de cobertura. O fato aconteceu no mesmo dia em que ele ajudou a polícia a fazer o retrato falado de Ito e três dias após ter se desligado do Programa de Proteção à Testemunha.
Depois da confecção do retrato falado, a delegada Gleide Ângelo do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), confirmou que mandou os seus agentes levarem a testemunha-chave para Igarassu. No entanto, a delegada responsável pelo caso afirmou que as informações sobre o novo atentado não procediam e, inclusive, teria deslocado duas equipes para o endereço “em vão”. Esse seria o segundo atentado feito à testemunha desde o dia em que foi revelada a farsa (15 de março), a qual culminou na prisão de Delma Freire e na conclusão do inquérito. O primeiro atentado aconteceu no dia 21 de maio. O rapaz estava em uma casa na PE-60. Ele foi atraído para fora da residência e, em seguida, recebeu os tiros, que por pouco, não o acertaram. Nesse mesmo dia, o carro descrito pela testemunha era um Gol cinza.
O ex-presidiário explicou ainda que saiu do Programa de Proteção à Testemunha por ter sofrido humilhações, além de ter sido tratado como culpado, quando era uma vítima. “Depois do primeiro atentado, saí do Estado. Passei um tempo e em seguida voltei para cá. Colocaram-me em um hotel no Centro da cidade e pediram para eu não falar com ninguém. Fiz tudo o que eles pediram”, explicou, acrescentando que a equipe do Programa teria dito que ele havia mentido sobre o atentado. “Eles chegaram a me dizer que eu tinha inventado o atentado, que eu não devia ter chamado a polícia na ocasião, mas foi a polícia que salvou a minha vida. Naquele dia, tentei ligar para o pessoal do Programa da 0h às 8h, e ninguém me atendeu. Quando disse a eles que iria me desligar do Programa, eles já estavam com tudo pronto. Assinei e eles me deram R$ 100”, relatou. Ontem ele afirmou que tudo o que deseja é voltar a estudar, mas que o medo de morrer faz com que ele não tenha a mínima ideia do que será o seu futuro. “Quero saber se vão deixar que me matem. Nesse momento, não tenho para onde ir”, afirmou.
RESPOSTA
O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Rodrigo Pelegrino, afirmou que a pessoa em questão teria saído do programa por vontade própria. “Ele estava acompanhado por uma célula composta por policiais e militantes dos direitos humanos. Nunca nenhum integrante desse Programa fez algum tipo de reclamação sobre o nosso pessoal, que é formado por militantes dos direitos humanos. Vamos averiguar o ocorrido. Caso seja diagnosticada qualquer irregularidade, vamos abrir um processo administrativo. Mas, caso contrário, ele será devidamente processado”, declarou o secretário.
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Postado por Gabriel Diniz
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