Header Ads

test

Caso Jennifer: Testemunha alertada sobre novo atentado


(Por Júlia Veras) - Um telefonema dado à redação de um jornal de Recife, no final da tarde de ontem, informava que a testemunha-chave do caso Jennifer Kloker sofreria um novo atentado. A pessoa que ligou dizia que Ito (acusado do primeiro atentado sofrido pelo ex-presidiário, na PE-60) estaria em um Gol cinza na companhia de quatro homens armados. Eles, segundo o informante, estariam indo em direção a Igarassu, local onde, de fato, estava escondida a testemunha aliciada por Delma Freire para assumir o assassinato da estrangeira e em troca receber R$ 20 mil, além de passaporte falso e passagem para a Europa.

A reportagem, então, entrou em contato com a polícia e também com a vítima em potencial sobre o possível risco, constatando que ela realmente estava no município. O rapaz, assim que recebeu o telefonema da reportagem da Folha, demonstrou desespero. “Por favor, avise a Gleide (Ângelo)”, pediu. Alguns minutos depois, um novo telefonema foi dado para ele, mas o aparelho celular estava desligado ou fora da área de cobertura. O fato aconteceu no mesmo dia em que ele ajudou a polícia a fazer o retrato falado de Ito e três dias após ter se desligado do Programa de Proteção à Testemunha.

Depois da confecção do retrato falado, a delegada Gleide Ângelo do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), confirmou que mandou os seus agentes levarem a testemunha-chave para Igarassu. No entanto, a delegada responsável pelo caso afirmou que as informações sobre o novo atentado não procediam e, inclusive, teria deslocado duas equipes para o endereço “em vão”. Esse seria o segundo atentado feito à testemunha desde o dia em que foi revelada a farsa (15 de março), a qual culminou na prisão de Delma Freire e na conclusão do inquérito. O primeiro atentado aconteceu no dia 21 de maio. O rapaz estava em uma casa na PE-60. Ele foi atraído para fora da residência e, em seguida, recebeu os tiros, que por pouco, não o acertaram. Nesse mesmo dia, o carro descrito pela testemunha era um Gol cinza.

O ex-presidiário explicou ainda que saiu do Programa de Proteção à Testemunha por ter sofrido humilhações, além de ter sido tratado como culpado, quando era uma vítima. “Depois do primeiro atentado, saí do Estado. Passei um tempo e em seguida voltei para cá. Colocaram-me em um hotel no Centro da cidade e pediram para eu não falar com ninguém. Fiz tudo o que eles pediram”, explicou, acrescentando que a equipe do Programa teria dito que ele havia mentido sobre o atentado. “Eles chegaram a me dizer que eu tinha inventado o atentado, que eu não devia ter chamado a polícia na ocasião, mas foi a polícia que salvou a minha vida. Naquele dia, tentei ligar para o pessoal do Programa da 0h às 8h, e ninguém me atendeu. Quando disse a eles que iria me desligar do Programa, eles já estavam com tudo pronto. Assinei e eles me deram R$ 100”, relatou. Ontem ele afirmou que tudo o que deseja é voltar a estudar, mas que o medo de morrer faz com que ele não tenha a mínima ideia do que será o seu futuro. “Quero saber se vão deixar que me matem. Nesse momento, não tenho para onde ir”, afirmou.

RESPOSTA

O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Rodrigo Pelegrino, afirmou que a pessoa em questão teria saído do programa por vontade própria. “Ele estava acompanhado por uma célula composta por policiais e militantes dos direitos humanos. Nunca nenhum integrante desse Programa fez algum tipo de reclamação sobre o nosso pessoal, que é formado por militantes dos direitos humanos. Vamos averiguar o ocorrido. Caso seja diagnosticada qualquer irregularidade, vamos abrir um processo administrativo. Mas, caso contrário, ele será devidamente processado”, declarou o secretário.

Saiba mais

No dia 15 de março deste ano, Delma Freire e seu advogado na época, Célio Avelino, chamaram uma emissora de televisão para anunciar o que seria uma reviravolta no caso. Segundo eles, um ex-presidiário os teria procurado para confessar que haveria cometido o assassinato de Jennifer Kloker. No entanto, à noite, o homem teria ido à sede do Grupo de Operações Especiais para denunciar que receberia R$ 20 mil, um passaporte falso e passagem para a Europa de Delma para assumir a autoria do crime. O ex-presidiário relatou para a polícia que teria conhecido Delma quando ela o convidou para se prostituir na Itália. A denúncia da testemunha foi determinante para que Delma fosse presa e o caso, desvendado.

Postado por Gabriel Diniz

Nenhum comentário

Comente esta matéria