Pai manda matar o filho para ficar com prêmio da mega-sena


(G1) - Um homem que ganhou um prêmio que é o sonho de milhares de brasileiros, desabafa: “Hoje eu sei que ele pode trazer infelicidade”.

Com medo de morrer, o milionário não mostra o rosto. Em julho de 2006, em uma lotérica de Cuiabá, ele apostou na Mega-Sena e acertou sozinho as seis dezenas. O prêmio era de R$ 28.244.624,32.

“Eu falei: ‘o que eu vou fazer com um dinheiro desse tamanho? Vou ligar para quem? Vou ligar para o meu pai’”, conta ele.

Na época, o pai - Francisco Serafim Barros - era diretor de um banco estatal, em Belém. O filho sortudo trabalhava como instalador de vidros: “Foi depositado na conta do meu pai, por ele ser um expert em administrar dinheiro. Eu tinha um monte de patrimônio, mas nada no meu nome. Tudo no nome dele”.

Ele conta que a fortuna começou a destruir a família dois anos atrás. “Eu falei: ‘pai, eu quero tudo no meu nome’. Aí ele falou que não, que isso não era meu, era bem de família. O patrimônio que ele passou pra mim foi R$ 14 milhões em fazendas de gado”.

O vencedor dos R$ 28 milhões da Mega-Sena, que mora atualmente em Guiratinga, Mato Grosso, entrou na Justiça contra o pai. Quer todo o valor do prêmio de volta. O caso ainda está sendo analisado. A Justiça já determinou o bloqueio de bens de Francisco Serafim Barros.

No dia 16 de março, o caso teve uma reviravolta. A polícia acusa o pai, de 60 anos, de encomendar a morte do próprio filho e contratar pistoleiros. O plano começou a ser descoberto em um posto da Polícia Rodoviária Federal a 50 quilômetros de Campo Grande.

O policial decidiu parar um veículo que já estava deixando a cidade em direção ao estado de Goiás. Dentro estavam dois homens que aparentemente não levantavam suspeita. Mas durante a revista, o policial encontrou arma e munição.


Os homens levavam ainda um envelope com fotos do vencedor da Mega-Sena e da namorada dele. Nervosos, os suspeitos disseram que eram de parentes. Mas um dos policiais rodoviários, Jaques Douglas Barbosa, olhou as fotos e se mostrou espantado com o que classifica de uma enorme coincidência: a moça da foto era prima dele. “Sem dúvida nenhuma, é muita sorte mesmo. Ela nasceu de novo”, contou o policial.

Os dois homes ficaram cinco dias presos. A polícia acredita que o ganhador da Mega-Sena não foi assassinado porque não estava na cidade. “Ganhei uma vez de Deus um dinheiro grande e outra vez de Deus a minha vida de volta”, disse o ganhador do prêmio.

As investigações continuaram e esta semana a polícia prendeu o pai e também o irmão do milionário da loteria. Também foram pra cadeia quatro homens que segundo a polícia foram contratados para praticar o crime. Dois são os que estavam com a foto do ganhador da Mega-Sena.


Em depoimento, um acusado de ser matador de aluguel deu a seguinte versão, explicada pelo delegado Ivan Barreira: “Ele disse que foi dito pelo suposto mandante: ‘este cabra está me dando muito trabalho, eu preciso tirar ele do meu caminho, se referindo ao cabra, que seria o filho dele’”.
“Era o cara mais honesto do mundo, o meu pai. Ele não devolver o meu prêmio já era uma coisa que ninguém acreditava nisso. Agora, acontecer de ele mandar me matar, isso é muito mais inacreditável. Eu acho uma ganância muito grande”, desabafou o milionário.

Na fazenda do irmão, Fabiano Leão de Barros, foram encontradas várias armas. Ele e o pai se dizem vítimas de uma armação: “Ele já nos ameaçou de morte varias vezes. Nós já fizemos boletim de ocorrência na polícia. Somos vítimas dele. A gente fica taxado como bandido”, explica o irmão do milionário, Fabiano Leão de Barros.

Com medo da própria família, o ganhador dos R$ 28 milhões da Mega-Sena afirma que, a partir de agora, só vai andar com seguranças e carro blindado.

Perguntado se ele acha que a família vai se reunir novamente, o milionário disse: “Isso só a Deus pertence”.

1 Comentários

Comente esta matéria

Postagem Anterior Próxima Postagem