CASO SERRAMBI: Kombeiros são absolvidos

Por Daniel Guedes e Inês Calado
Do JC Online
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Do JC Online

Sete anos de espera, vários personagens, boatos, três inquéritos devolvidos, cinco dias de um julgamento tenso. O caso policial mais polêmico de Pernambuco na última década teve um desfecho nas primeiras horas deste sábado (4). Sete jurados decidiram, por 4 votos a 3, pela absolvição dos irmãos Marcelo e Valfrido Lira, acusados de tentativa de estupro e homicídio duplamente qualificado das adolescentes Tarsila Gusmão e Maria Eduarda Dourado. As jovens desapareceram no dia 3 de maio de 2003, e os corpos foram encontrados dez dias depois pelo pai de Tarsila, José Vieira, em um canavial em Camela, distrito de Ipojuca. A acusação vai recorrer da decisão.

VÍDEOShttp://imagemjc.uol.com.br/cockpit/imagem/icone_video.gif Kombeiros ganham a liberdade
http://imagemjc.uol.com.br/cockpit/imagem/icone_video.gif Leonardo Rego Barros comenta absolvição
http://imagemjc.uol.com.br/cockpit/imagem/icone_video.gif Jorge Wellington comemora decisão do júri
http://imagemjc.uol.com.br/cockpit/imagem/icone_video.gif Pai de Maria Eduarda comenta decisão
http://imagemjc.uol.com.br/cockpit/imagem/icone_video.gif Esposa de Marcelo emociona-se com resultado
http://imagemjc.uol.com.br/cockpit/imagem/icone_video.gif Relembre o Caso Serrambi

A defesa, conduzida pelo advogado Jorge Wellington, que assumiu o caso em abril deste ano, teve sucesso ao provar aos jurados que o depoimento da testemunha-chave, Regivânia Maria da Silva, era frágil. Além de apontar que as diversas perícias realizadas foram unânimes em afirmar que as evidências não levavam ao indiciamento dos kombeiros. Foram ouvidas dez testemunhas e cinco peritos. O promotor aposentado Miguel Sales, que devolveu o inquérito em três momentos e foi afastado do caso pelo Ministério Público em janeiro de 2008, também acabou virando réu no julgamento.
Dedico essa vitória a eles, os kombeiros e ao dileto professor Miguel Sales
Veja as frases que marcaram o desfecho da história

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» Justiça terá que encontrar os verdadeiros culpados, diz Miguel Sales

A acusação do Ministério Público de Pernambuco se baseou no depoimento da testemunha-chave, Regivânia Maria da Silva, que atestou ter visto as jovens entrando em uma kombi com para-choque verde. Regivânia teria reconhecido Valfrido como o carona do veículo. Os indícios levantados pelos três inquéritos policiais - conduzidos pelo Grupo de Operações Especiais (GOE), Polícia Federal e, por último, Delegacia de Homicídios - , além da relação, segundo a acusação, "promíscua", entre o então promotor Miguel Sales e os acusados. No entanto, Ricardo Lapenda e Salomão Abdo não convenceram os jurados de Ipojuca da culpa dos Liras.

O júri popular dos kombeiros Marcelo e Valfrido Lira começou na última segunda-feira (30 de agosto) e se estendeu até a madrugada deste sábado. A juíza Andréa Calado conduziu o julgamento.
A CRONOLOGIA DO CASO (+ principais momentos)
2003 3 de maio – As adolescentes Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão saem de Serrambi, Litoral Sul de Pernambuco, onde estavam hospedadas na casa de um amigo, para um passeio de lancha até Maracaípe. Os amigos que estavam na embarcação voltam e elas ficam na praia.
13 de maio – José Vieira, pai de Tarsila, encontra os corpos das adolescentes num canavial em Camela, distrito de Ipojuca. Ele fazia as buscas de moto com um amigo
18 de maio – O Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil prende os irmãos kombeiros Marcelo e Valfrido Lira como suspeitos do duplo homicídio
16 de junho – Os kombeiros são indiciados no inquérito concluído pelo GOE
20 de junho – O promotor de Ipojuca, Miguel Sales, devolve o inquérito alegando que alguns pontos não haviam sido esclarecidos
18 de julho – A Polícia Civil entrega inquérito com as novas diligências
21 de julho – Os kombeiros são liberados porque expira o prazo de prisão temporária. O promotor avisa que vai devolver o inquérito novamente
19 de agosto – A polícia conclui inquérito que investigou se houve corrupção de menores e uso de drogas na casa de praia onde as vítimas estavam
21 de outubro – A Secretaria de Defesa Social indica a delegada Lenise Valentim para o caso
19 de novembro – Peritos realizam reconstituição da última vez que as jovens foram vistas
2004 4 de março – Legistas constatam que Eduarda pode ter sido baleada depois de morta
16 de junho – Exames de DNA revelam que José Vieira e Alza Gusmão não são os pais de Tarsila. Vieira é detido por porte ilegal de arma
14 de outubro – A SDS e o MPPE solicitam que a Polícia Federal assuma o caso
13 de dezembro – Delegados da PF chegam a Recife para assumir a investigação
2005 13 de maio – A PF solicita a prisão dos kombeiros. O pedido é negado
16 de junho – Dois anos após a Polícia Civil indiciar os irmãos Lira, a PF chega ao mesmo resultado
2006 24 de maio – O promotor solicita novas diligências à Polícia Federal
Dezembro – A PF apresenta as investigações como concluídas novamente
2007 17 de janeiro – Miguel Sales devolve o inquérito novamente
24 de janeiro – Os delegados da Polícia Civil Paulo Jean e Graham Bentzem dão início a novas investigações
20 de dezembro – A Polícia Civil encaminha o inquérito ao MPPE com o mesmo resultado
2008 2 de janeiro – A Procuradoria-Geral de Justiça designa mais dois promotores para analisarem o inquérito
16 de janeiro – O MPPE, pela primeira vez, oferece denúncia contra os kombeiros
17 de janeiro – A polícia prende Marcelo. Valfrido foge, mas se entrega no outro dia
18 janeiro de 2008 – O promotor Miguel Sales é afastado do caso a pedido do Conselho Superior do Ministério Público de Pernambuco
2009 18 de novembro – Tribunal de Justiça confirma que os kmbeiros serão levados a Júri Popular
25 de maio – O Ministério Público solicita e a Justiça acata afastamento da mãe de Maria Eduarda, Regina Lacerda, do processo
9 de março – Justiça nega pedido de relaxamento de prisão dos irmãos kombeiros
25 de maio – A Justiça afasta a mãe de Maria Eduarda, Regina Lacerda, do processo alegando que as declarações dela vão de encontro à tese da promotoria, que acusa os kombeiros pelo crime
18 de novembro – O Tribunal de Justiça de Pernambuco nega recurso de Marcelo e Valfrido, mantendo a decisão de mandá-los a júri popular
2010 22 de abril – A juíza Andrea Calado Venâncio marca o julgamento para maio, em Ipojuca
30 de abril – Ministério Público solicita à Justiça que o júri seja realizado na capital e adia a audiência
2 de junho – TJPE nega pedido de desaforamento e decide que o julgamento será mesmo em Ipojuca A magistrada marca novamente data do júri, desta vez para os dias 30 e 31 de agosto, 1, 2 e 3 de setembro
19 de agosto – Justiça anuncia cadastramento para assistir audiência e divulga nomes das testemunhas de defesa e acusação
20 de agosto – Como o oficial de justiça não conseguiu localizar uma das testemunhas de defesa, advogados dos réus convocam o auxiliar de perito Marcos Ley D’Assunção para depôr
04 de setembro – Após sete anos de muitas e vindas, na madrugada de hoje os jurados consideraram, por quatro votos a três, os kombeiros inocentes do assassinato de Tarsila e Eduarda. Pai de Tarsila promete seguir lutando por justiça e acusação vai recorrer...

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