"QUEM ME ELEGEU FOI O POVO"


Quase um ano depois do surgimento dos primeiros rumores que davam conta de um rompimento entre o prefeito João da Costa (PT) e o seu ex-padrinho político, o ex-prefeito João Paulo (PT), o gestor municipal contou a sua versão do que teria provocado o afastamento. Em entrevista à Rádio Capibaribe, Costa acusou seu antecessor de querer se manter no comando da Prefeitura do Recife, mesmo após ter lhe repassado o cargo. A surpreendente revelação foi feita após o petista ter sido questionado sobre qual seria a motivação do correligionário em afirmar, recentemente, que elegera “um ilustre desconhecido”, numa referência direta à vitória no primeiro turno alcançada pelo desafeto, na eleição de 2008.

“O ex-prefeito João Paulo continua dizendo isso, na verdade, porque ele queria continuar prefeito do Recife, mesmo eu tendo sido eleito. Essa condição eu não aceitei. Ele me ajudou a eleger, mas quem me elegeu foi o povo. Tive 432 mil votos, assumi compromissos e o povo do Recife não iria entender eu estando lá sentado na cadeira de prefeito e não sendo prefeito de verdade”, disparou. Ainda completou: “Foi isso que aconteceu. O resto é conversa. O ex-prefeito João Paulo ficou chateado porque eu não aceitei fazer tudo o que ele queria. Queria assumir o meu papel de prefeito e eu fui eleito para isso”.

Ainda no front de ataque, o prefeito João da Costa rechaçou a hipótese de que ele teria rompido com o projeto político iniciado por João Paulo. O gestor afirmou que nenhum dos 16 partidos que ingressaram com ele no governo saiu dizendo que abandonou os princípios iniciais da gestão. Disse também que nenhum secretário deixou a PCR atestando o mesmo. “Então, quem é que está descumprindo o projeto político? Não fui eu! Não fui eu que rompi com João Paulo e deixei de ser amigo dele. Ele é que está deixando de ser meu amigo e está dizendo que elegeu um ilustre desconhecido”, disparou.

COBRANÇA

O prefeito reforçou que sua posição foi tomada pelo compromisso firmado por ele com a população que o elegeu. Conforme João da Costa, ele não poderia deixar em segundo plano em função das cobranças do ex-prefeito João Paulo. “Se eu me elegesse e não assumisse as minhas funções e responsabilidades, eu seria cobrado pelo povo e não por João Paulo. O povo é quem iria me cobrar. Eu preciso trabalhar mais, muito”, afirmou.

Ele frisou que essa será sua postura durante os quatro anos de seu mandato. “Eu fui eleito prefeito e não vou abrir mão de ser prefeito durante, no mínimo, quatro anos, que é o mandato que a população do Recife me elegeu agora. Posso ser mais depois se o povo voltar a me eleger”, conjecturou o petista.

Entretanto, João da Costa fez questão de ressaltar que sua prioridade, no momento, não é fomentar um confronto com o ex-prefeito João Paulo. Para o gestor, a própria população do Recife não gostaria de ver esse tipo de comportamento do seu governante. “A prioridade agora não é ficar discutindo com ninguém. O povo não quer saber se eu sou amigo ou se eu briguei com João Paulo, quer saber se estou fazendo aquilo que é necessário para melhorar a vida deles”, afirmou.

Por Gilberto Prazeres

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