FALTA REMÉDIO PARA PACIENTES COM HIV NO ESTADO


Pelo menos 30 integrantes do movimento Articulação Aids em Pernambuco fizeram uma manifestação na frente da sede da Secretaria Estadual de Saúde (SES), no Bongi, para reclamar da falta do medicamento antiretroviral Abacavir, utilizado no tratamento contra o HIV. Em mais cinco capitais brasileiras, ontem pela manhã, acontecia o mesmo protesto simultaneamente, batizado de Tolerância Zero. Desde o final de 2009, a distribuição foi suspensa por problemas de aquisição e, segundo nota técnica do Ministério da Saúde, a situação estaria normalizada até amanhã. No Estado, a demanda por este remédio representa uma média de 50 pacientes.

“A recomendação do Ministério era de que o Abacavir fosse substituído por outros medicamentos. Mas muitos médicos não aceitam isso, porque os pacientes podem ter intolerância a outra droga”, afirmou a coordenadora colegiada da Articulação Aids Estadual, Tânia Tenório. Os gritos de ordem e cartazes dos manifestantes, ratificados por uma carta distribuída pelo movimento, serviram para expor a situação crítica em que se encontram os soropositivos em Pernambuco.

Dados do Sistema de Controle Logístico (Siclon) e do Boletim Epidemiológico da SES, de dezembro de 2009, mostram que existem 13.301 casos de Aids, dos quais apenas 5.400 adultos e 211 crianças fazem uso de medicamentos antiretrovirais e complementares para diminuir a carga viral do vírus e evitar doenças como a tuberculose. Ainda assim, a coordenadora de Prevenção e Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), Djair Sena, afirma que não há falta de medicamentos e este é um caso isolado. “A falta dos antiretrovirais não é frequente. No caso do Abacavir, o problema é nacional”, pontuou.

Entre os pontos críticos levantados pela carta, está a inexistência de hospitais especializados para tratamento dos soropositivos que sofrem lipodistrofia, que são efeitos colaterais físicos resultantes do uso do coquetel anti-HIV. De acordo com Djair Sena, a coordenadoria do Programa Estadual DST/Aids está em contato com o Hospital Oswaldo Cruz (Huoc) para atestar a possibilidade de implantar lá esta especialidade, que precisa apenas de incremento de cirurgiões-plásticos e dermatologistas, por exemplo, no quadro de médicos.

Outro desafio para a consolidação da política de combate a DST/Aids é a interiorização e ampliação da oferta do teste rápido em grávidas. “Todos os casos de HIV em crianças, resultantes em maioria da transmissão vertical, são descobertos apenas quando elas estão mais velhas. Mais de 60% dos nascimentos pelo SUS já estão cobertos com o teste rápido, embora este esteja mais concentrado na Região Metropolitana do Recife (RMR). O nosso objetivo é ampliar para o interior”, reconhece Djair. Das cem maternidades do Estado, onde é possível implantar o teste rápido, 68 já oferecem o serviço.

Por Carol Albuquerque

Postar um comentário

Comente esta matéria

Postagem Anterior Próxima Postagem