
O professor do Departamento de Genética da UFPE e coordenador da pesquisa, Sergio Crovella, explica que as células dendríticas funcionam no corpo humano como fiscais à procura de doenças. “Elas mostram os vírus aos policiais, que seriam os linfócitos CD8, responsáveis por matar o inimigo. São células apresentadoras do antígeno, que nesse caso é o HIV”, observa. No entanto, o paciente HIV possui células dendríticas que não funcionam mais. “A ideia do tratamento é ensinar de novo essas células a reconhecerem o inimigo, e mandarem a mensagem para o combatente agir”, detalha Crovella.
“É uma pesquisa de alta tecnologia que nasceu aqui na UFPE, estamos muito orgulhosos. Ela compete com laboratórios mundiais e quebra o estigma de que o paciente de HIV está condenado à morte”, salienta o vice-reitor da UFPE, Gilson Edmar. O tratamento é personalizado e se baseia na retirada dessas células do próprio hospedeiro do vírus e na preparação para reinseri-las maturadas no paciente HIV.
Os resultados foram alcançados depois que a equipe da UFPE se propôs a investigar o porquê de a imunovacina só ter dado resultado em oito dos 18 pacientes onde foi aplicada em 2006. O estudo dos códigos genéticos dos infectados permitiu identificar a presença dos genes MBL2 e NOS1 como determinantes no sucesso da substância. Os oito casos bem-sucedidos no primeiro teste permitiram aos pacientes ficarem sem tomar as drogas de tratamento por três anos. Na fase 2, prestes a ser iniciada, na qual 50 voluntários vão passar por novos testes, as expectativas são bem maiores.
“O resultado que esperamos é uma queda na carga viral e o abandono do tratamento com retrovirais”, diz o pesquisador Sergio Crovella. Apesar do avanço, o coordenador do grupo ressalta que, em paralelo aos testes - que serão realizados no laboratório da USP, parceiro da UFPE. “Ainda é pesquisa, não é cura”, reforça o professor.
Por Márcia Lira