AV. CRUZ CABUGÁ VIRA CAMPO DE BATALHA


Moradores da comunidade do Beco dos Casados, localizada no bairro de Santo Amaro, protestaram na manhã de ontem contra a suposta ação violenta dos policiais do 16º BPM na área. Os manifestantes interditaram a avenida Cruz Cabugá com pneus e móveis queimados, parando o trânsito por mais de duas horas. A manifestação só foi controlada com a chegada dos policiais do Batalhão de Choque, que precisaram usar balas de borracha para acalmar os ânimos, transformando a via em um campo de guerra.

O Batalhão de Choque foi recebido a pedradas pelos manifestantes. Os moradores resistiram às várias tentativas dos policiais de conter o protesto. Em consequência, os policiais militares usaram balas de borracha, sprays de pimenta e bombas de efeito moral para conter a situação. Segundo o tenente Alexandre Arruda, da tropa de Choque, foi preciso fazer uso de armas não letais por causa da reação dos moradores. “Não ferimos ninguém intencionalmente, só utilizamos meios para controlar o protesto e liberar a pista”, explicou.

As medidas que o Batalhão de Choque adotou deixaram alguns feridos. Entre eles, um adolescente de 13 anos foi atingido no rosto pelos disparos dos tiros de borracha. De acordo com representantes da comunidade, cerca de dez moradores se feriram no protesto. Além dos manifestantes, pessoas que estavam na via foram atingidas pelos disparos e pelas pedradas. Os alunos da Escola Almirante Tamandaré, na Vila da Marinha, que escutaram o barulho e foram ver o que estava acontecendo passaram mal com o gás das bombas de efeito moral.

Os PMs são acusados pela população de cometer agressões físicas e verbais contra os moradores em rondas realizadas pelo bairro. Segundo a líder comunitária Marli Marcos, de 52 anos, a violência é cometida contra menores também. “Eles entram na comunidade agredindo a todos. Não respeitam as mulheres, idosos e até crianças”, afirmou. O tenente Alexandre Moreira, do 16º BPM, no entanto, assegurou desconhecer qualquer tipo de violência cometida pelos seu subordinados. “A comunidade tem o direito de se manifestar, mas eu desconheço qualquer tipo de ação arbitrária por parte dos meus policiais”, garantiu.

De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Defesa Social (SDS), não há registro de nenhuma queixa contra os policiais do 16º BPM. A orientação da SDS é de que os moradores agredidos procurem a Corregedoria da SDS ou a Ouvidoria Pública para registrarem formalmente as queixas. A assessoria de comunicação informou ainda que todos os casos serão devidamente investigados, assim que as ocorrências forem feitas oficialmente. A PM informou que as rondas diárias vão continuar para combater a criminalidade local. Ainda de acordo com a PM, há 90 dias o bairro de Santo Amaro não registra ocorrências de homicídios. A polícia também disse ter procurado a liderança comunitária para marcar uma reunião onde essas acusações serão esclarecidas.

Por Rui Gonçalves

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