De acordo com a gerente de epidemiologia, Amanda Cabral (foto), não há motivo para pânico, uma vez que o número de casos registrados este ano está dentro do esperado. De janeiro até a primeira semana de maio, a Secretaria de Saúde do Recife já registrou nove casos da doença. No mesmo período do ano passado, foram confirmadas sete ocorrências.
O órgão está fazendo um levantamento para saber se algum desses casos terminou com a morte de um dos pacientes. O estudo deve ficar pronto até o fim de semana. A identidade e a localização dos registros já confirmados não foram repassadas à imprensa.
Ainda de acordo com Amanda Cabral, os três casos registrados na comunidade da Rua da Areia, no bairro da Tamarineira, ainda não foram confirmados como sendo meningite meningocócica. "Há uma suspeita muito forte por causa dos sintomas, mas a confirmação só pode ser feita após o resultado de exames laboratorias, o que só deve acontecer em 15 dias", explicou a gerente de epidemiologia.
Quanto à morte do menino João Vitor Silva de Souza, de 12 anos, que faleceu no domingo (5) após passar mal na madrugada do sábado, a Secretaria de Saúde não descarta a possibilidade de ser o primeiro caso de óbito pela doença no Recife, este ano. Além dele, duas crianças da comunidade, Raí Ferreira de Souza e a prima dele Natali Gomes de Araújo, ambos de 8 anos, estão internadas na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Correia Picanço, também no Recife.
Para evitar novos casos, o órgão informou que já iniciou um trabalho de medicação preventiva com as pessoas que tinham contato próximo às três crianças. "Já estamos medicando as pessoas mais íntimas com um forte antibiótico específico para os casos de meningite meningocócica", ressaltou Cabral.
Os agentes de saúde também alertaram que, mesmo sem suspeita de surto, a comunidade deve ficar atenta aos sintomas da doença: febre, fortes dores de cabeça, rigidez na nuca, vômitos em jato e manchas na pele.
BOLETIM MÉDICO - A Secretaria de Educação do Estado informou que as duas crianças internadas no Hospital Correia Picanço seguem internadas na UTI, mas que Raí Ferreira deve receber alta da unidade intensiva nesta sexta-feira (10). O menino permanecerá no hospital em observação. Já Natali Gomes continuará na UTI e seu estado de saúde inspira cuidados.
NÚMEROS - De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, neste ano, até dia 27 de abril, foram notificados 38 casos de doença meningocócica, dos quais 33 foram confirmados. No mesmo período de 2012, foram notificados 31 casos e confirmados 27. Em todo o ano de 2012, foram notificados 130 casos, dos quais 111 foram confirmados.
Em relação aos óbitos, em 2013, foram confirmados 7 óbitos na I Geres (Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Recife e Vitória de Santo Antão). Nesse mesmo período em 2012, foram registrados 3 óbitos. Em todo o ano de 2012, 22 óbitos.
SUSTO - Uma criança de 3 anos, também moradora da comunidade da Rua Areia, na Tamarineira, Zona Norte do Recife, deu entrada na emergência pediátrica do Hospital Correia Picanço por volta das 16h desta quarta. De acordo Fabiana Marta do Nascimento, mãe da menina, a filha apresentava tosse, febre alta e secreções há mais de 1 semana. Ela estuda na Escola Esperança, no mesmo bairro. "Pelo que eu saiba, nenhum outro aluno da escola dela foi internado com os mesmos sintomas", adianta Fabiana.
Ao chegar na unidade hospitalar, a garotinha foi submetida a uma série de exames, como raio-x do pulmão. O exame de sangue apontou que a menina estava com uma espécie de virose. Ela ficará em observação no Correia Picanço, em uma sala de isolamento, sob os cuidados da equipe médica.
Segundo a mãe da criança, ainda, dois primos dela - um menino e uma menina de 8 anos - estão internados na UTI do mesmo hospital desde a última segunda-feira (6). Ambos apresentavam febre alta, vômitos e dores nas pernas e estudam na Escola Municipal Severina Lira, também na Tamarineira.
A DOENÇA - A meningite é uma doença que pode ser causada por vírus ou por bactérias. As virais são as mais simples, possuem sintomas semelhantes a gripes e, no geral, não necessitam de internação.
A bacteriana é altamente contagiosa e grave. Por isso, deve ser tratada imediatamente. A doença é transmitida através de contato íntimo - como beijo, compartilhamento de copos e divisão do mesmo espaço físico pequeno por mais de uma hora.
Do NE10